Penso, logo existo.
Creio que a maioria já leu e interpretou uma das mais célebres e ricas obras da filosofia, o Mito da caverna, de autoria do pensador Platão. Não entrarei em detalhes em relação a esse pensamento para justamente plantar a curiosidade na mente dos que não leram (aqui um adendo, você não tem o direito de ser ignorante em dias atuais, portanto busque conhecimento). Ali narra o despertar para uma realidade além do que conhecemos, e aqui não falo sobre nada metafísico, o entendimento e após isso, a compreensão de algo ou alguma coisa, situação ou até modo de existência, o famoso “expandir a consciência”. Tendo por base que “consciência” é oque nos permite entender o mundo em que vivemos e a interação desse meio com nosso interior é de suprema importância que sempre seja expandida. Uma vez li uma frase que me chamou atenção em relação a isso, “O homem é tão profundo, quanto seu universo interior“.
Reflexões e divagações pessoais, será que os homens platônicos, no fundo da caverna, estavam realmente presos? Suas amarras eram de ferro ou de ignorância? Sabemos que, num comum conceito, todos eles acreditavam que aquele era seu mundo, seu universo, as sombras, os únicos seres vivos. Quando o indivíduo está inserido em um dogma social, a tendência é a permanência nesse dogma, até mesmo defende-lo, protegê-lo. Sabemos que a natureza tende a economizar energia, portanto o mais provável econômico, nesse caso, é o comodismo. Mas sempre há as dúvidas, talvez a curiosidade humana seja a maior dádiva do homem. Então perguntas surgem e o tão conhecido “por que“ é nossa melhor arma. “Porque não posso olhar para o lado, porque não posso me mexer?” “Será que estou realmente preso, ou simplesmente permaneci aqui, imóvel, pois alguém me disse que deveria ficar assim?” Após esses questionamentos há a primeira abertura de janela, após isso meu amigo, após o pulo da janela prepare-se, pois não há voltas, nunca mais retornará a seu quarto pequeno e escuro. No caso do homem platônico, foi um “por que” atrás do outro, com isso a descoberta, degrau por degrau, de uma nova realidade, a cada degrau, a expansão da consciência, a expansão mental.
O homem europeu da idade média acreditava que o mundo era somente aquela porção de terra, que além de onde os olhos podiam ver as águas caiam na garganta de grandes monstros marinhos. É normal que temamos o que não conhecemos então, para explicar e materializar esse medo adotamos figuras de monstros e demônios. Claro que por diversos outros fatores, mas um deles foi a curiosidade de saber oque havia após aquele limite imposto fez o conhecimento de mundo expandir, pois com isso, novas porções de terra foram descobertas, o mundo cresceu. Podemos observar esse mesmo conceito, de expansão de mundo, em nossa família. Olhe para seu filho, quando jovem o mundo dele é o ambiente caseiro e o convívio com você e seu cônjuge. Ao conhecer uma criança de idade parecida e fazer amizade, o mundo do seu filho sofre uma pequena expansão, pois agora há os dogmas e conceitos que você ensinou a ele, somados à informação que o amiguinho trouxe e ai por diante. Claro que nesse caminho informações conflitantes às que já temos são apresentadas. O homem platônico necessitou enfrentar todo o status co que imperava em seu meio, para assim e só após isso, ter condições mentais para absorver novas informações, chegando assim à luz do sol. Dito isso, estamos dispostos a fazer o mesmo?
E se eu te disser que o homem preso no fundo da caverna, imóvel, faminto, temendo as sombras projetadas na parede, nunca esteve realmente preso, a não ser por sua própria ignorância, renegando com isso todo seu potencial. É mais fácil permanecer parado porque alguém disse que era assim, mesmo sendo isso totalmente ilógico, do que mover-se rumo a algo novo. As sombras projetadas na parede, mesmo aparentando serem violentas e medonhas, nunca interagiram e muito menos atacaram algum dos homens, mesmo assim os mantinham ali. Será que nesse ponto já podemos traçar um paralelo com nossa vida?
Vamos falar um pouco sobre ideias, conceitos, paradigmas e dogmas sociais que nos ditam normas. Vou usar a ideia para exemplificar. Como nasce uma ideia? Você quer abrir um negócio próprio, então siga esses passos:
1 Crie a ideia, o negócio que vai abrir;
2 Alimente essa ideia, nesse processo há o planejamento, cerceando todas as arestas abertas, possíveis dificuldades, fornecedores, lucros, prejuízos e trace planos para crises e crescimento;
3 Após tudo estar certo, redondo, pense em cada detalhe, a materialização ou seja, transferência do campo das ideias, do campo mental, para o mundo material.
Criar, alimentar e materializar. Mas aqui abro uma questão, de todo seus conceitos, pensamentos em relação ao mundo e a sociedade, quais você criou? Certamente após alguns instantes de reflexão, chegará à conclusão de que a maioria não são seus, outros criaram e “embutiram” em sua mente, então você alimentou e materializou ideias de alguém, correto? E porque isso acontece? Sua concepção de mundo é realmente sua ou alguém lhe impõe a pensar como pensa? Então, somos pensadores ou simples repetidores?
Quer um exemplo simples? Em meio a protestos, seja qual for ele, pergunte a 20 pessoas aleatórias o motivo de ela estar protestando, sempre aprofundando a pergunta, com base na resposta que ela lhe der. Irá notar que uma porcentagem elevada delas não sabem muito bem o que está fazendo lá, mesmo estando se propondo a o protesto. Aqui vemos os mesmos homens presos no fundo da caverna escura, presos pela própria ignorância.
Haaa já estava esquecendo, uma última pergunta, essa é mais simples, você é quem deseja ser ou aquilo que outros imputam que seja?
“Para examinar a verdade, é necessário, uma vez na vida, colocar todas as coisas em dúvidas o máximo possível.” René Descartes.
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